segunda-feira, 3 de agosto de 2015

O novo filme de James Bond e a pergunta do milhão de euros

Quem se seguirá a Adele? E quem devia seguir? Tudo aqui.



Sou fã acérrimo da saga de James Bond. Desde que joguei o mítico "Goldeneye 007" na Nintendo 64 e depois fui ao cinema ver o Pierce Brosnan fugir a um helicóptero numa mota pelos telhados de Ho Chi Minh em "Tomorrow Never Dies", que fiquei agarrado. Os filmes não são o que podemos chamar de intelectualmente exigentes, mas oferecem a fantasia (aquele início do "Goldeneye" é a ficção e a perfeição em doses iguais) e a acção que preciso para me alienar do marasmo de um quotidiano sem explosões, nem Aston Martins, nem a Eva Green. Mas apesar de gostar dos filmes, o que me move mesmo na saga do espião inglês é a música, mais precisamente os temas do genérico de cada filme. Arrisco dizer que nenhuma outra saga está tão bem representada neste capítulo como a de James Bond.

Se têm dúvidas, ouçam a compilação "The Best of Bond...James Bond" (qualquer uma delas, embora eu prefira a ordem da compilação de 2002) e tirem as vossas conclusões. É malha atrás de malha, numa enxurrada impressionante. Desde as várias versões do clássico "James Bond Theme", originalmente composto por Monty Norman em 1962 para "Dr.No", passando pelo drama de "Goldfinger", a intensidade de "Thunderball", a saudade de "From Russia With Love", a candura de "Nobody Does It Better", a Pop de "A View To A Kill" e até algum refugo como "Diamonds Are Forever" (o José Castelo Branco destruiu para sempre este tema para mim, quando o vi cantá-lo vestido de mulher na televisão. Porra. Vade retro). Tendo em conta que a saga acompanhou a cultura popular desde os anos 60, o leque de artistas que já contribuiu para os filmes é vasto e representativo do mainstream de cada década: Shirley Bassey nos anos 60, Paul McCartney nos 70s, Duran Duran nos 80s, Sheryl Crow nos 90s, Jack White 00s e Adele 10s. Há espaço para tudo.

Agora que estamos a poucos meses da chegada de "Spectre", fica a questão do milhão de euros: quem vai cantar o tema do próximo filme de James Bond? Bem, um milhão de euros não sei, mas vale pelo menos 15 mil libras, quantia que um apostador pôs nos Radiohead esta semana, levando à suspensão das apostas. Das duas, uma: ou o cavalheiro sabia de alguma coisa que nós não sabemos, ou então é um fã dos Radiohead sem grande amor ao dinheiro. E nós já sabemos como é com os fãs dos Radiohead: o melhor é não os contrariar.

A lógica dita que a resposta à grande pergunta esteja algures nas tabelas dos últimos anos. Os rumores mais fortes indicavam primeiro Sam Smith, depois Ellie Goulding e agora Radiohead. A resposta deve morar aqui. Também já se falou no Kanye West (por favor não, vamos manter o Bond classy), Ed Sheeran (pior ainda, ele quanto muito devia fazer a banda sonora dos Teletubbies) e até no Noel Gallagher (seria bom, mas duvido muito), mas essas são hipóteses mais remotas.

A minha aposta entre o trio dos preferidos seria (de longe) os Radiohead. É interessante pensar na voz de Thom Yorke à frente da frota de trompetes que costuma acompanhar os temas de Bond. E basta recordar o que eles fizeram com "Nobody Does It Better" para ficar com água na boca.

Mas a minha preferência pessoal não recai em nenhum dos anteriores.

O tema que apresenta um filme de James Bond precisa de ser explosivo, dilacerante e poderoso; precisa de nos pôr aos saltos no banco do cinema ainda antes do filme começar; precisa, por isso, da figura maior do rock musculado dos nossos dias. Mandasse eu na EON e subempreitava o tema de "Spectre" a Josh Homme e aos Queens Of The Stone Age. Fico com água na boca, só de pensar nas explosões no ecrã ao som das guitarras da banda californiana. E fazia mais: dava a banda sonora (que já foi entregue a Thomas Newman) a Trent Reznor, que tão bem tem tratado os filmes de David Fincher. E já que estamos com o balanço, aproveitava e dava o próximo filme ao próprio David Fincher. Mas talvez já me esteja a entusiasmar.

"Spectre" sai em Outubro deste ano, por isso já deve faltar pouco para saber a resposta à pergunta do milhão de euros. Fica a faltar-me só o Aston Martin. E a Eva Green.


Artigo publicado originalmente neste link,
na revista online New In Town (NiT), 
Segunda-Feira, 3 de Agosto de 2015

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