quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Pink FLoydGBTQIA+, Money Madonna, U2 sem gás e outros assuntos da semana na música

Ainda estamos em Janeiro e o ano já nos presenteou com muitas polémicas no mundo da música. Há muito assunto para tratar, por isso vamos pôr a escrita em dia. Começamos pelo caso "Pink FloydGBT" que levou a letra de "Money" demasiado à letra.

Pink FLoydGBTQIA+

O álbum mais consagrado dos Pink Floyd, "The Dark Side Of The Moon", faz 50 anos em março, e como tal, a banda britânica decidiu comemorar a efeméride com uma reedição de luxo (já lá vamos) e uma campanha nas redes sociais, que apresentou um logotipo com o número 50 sob o icónico prisma e o espectro cromático, tal como no álbum original. O resto da história, já devem ter lido, mas deixo a crítica aos Comfortably Dumb para a malta mais acordada das redes sociais como o Nuno Markl. Eu, honestamente, não tenho paciência. Escusado será dizer que quem ouve Pink Floyd, e faz este tipo de comentários, não percebe nada do que está a ouvir.

Como fã dos Pink Floyd, prefiro comentar a absolutamente obscena reedição "de luxo" que a banda preparou, que não é mais que uma versão light da caixa Immersion de 2011, com um terço do conteúdo (mais a mistura Atmos), mas pelo triplo do preço. Irónico que este seja o disco que há 50 anos nos avisou das armadilhas do mundo moderno. Agora são os Pink Floyd a levar à letra — "Grab that cash with both hands and make a stash". Este é um produto tabelado a um preço absolutamente ofensivo, que nos leva a reflectir sobre o valor da música, em plena era do Youtube e Spotify, em que tudo se pode ouvir de borla, e em que as editoras se queixam da falta de vendas físicas, mas depois apresentam produtos obscenos deste calibre. Em que ficamos? Querem atrair mais clientes ou espantar os poucos que, como eu, ainda insistem em comprar tudo e ter a música nas mãos?

O meu nível de fanatismo pelos Pink Floyd é alto, e não arrisco muito se disser que tenho tudo que a banda já lançou em (quase) todas as iterações possíveis. E no entanto, por princípio, vou bloquear este lançamento projectado para cobrar o máximo dos fãs, oferecendo o mínimo possível. Que é como quem diz, já encomendei tudo... Não, estou a brincar. Encomendei apenas o vinil do "Live At Wembley 1974", que ainda por cima é editado. A caixa de luxo, pela primeira vez, não vou comprar. E não sou o único. Conheço muitos fãs que estão cansados de ser explorados e vão atingir os Pink Floyd onde lhes dói mais. No bolso. E são eles socialistas, olhem se não fossem.


Quem desdenha a Madonna, quer comprar

E por falar em "Money", a Madonna vai fazer uma digressão para celebrar os 40 anos anos de carreira, que é como quem diz, a Madge quer o vosso dinheiro. Todo o vosso dinheiro. Os preços para os bilhetes para o concerto no Atlântico (ou aqui em Londres, no o2) são, de facto, de levar as lágrimas aos olhos, e a polémica instalou-se em Portugal, com o próprio promotor do concerto, Nuno Braamcamp, a questionar: "Como é possível o público português ter dinheiro para estas coisas?". Já eu tinha poucas dúvidas que ia esgotar, e não só esgotou, como já há segunda data. O mercado é que dita os preços, e se há público para comprar os bilhetes a este valor, então é jogo limpo. Não é que a Madonna tenha passado a carreira a representar o papel de herói da classe trabalhadora, como o Boss. Já eu, que ainda tinha esperança de um dia ver a Madonna ao vivo, desisti em definitivo da ideia.


Noel Gallagher sai de casa e regressa às origens com novo disco... E a velha banda?

Noel Gallagher é um dos meus heróis e foi por isso com enorme expectativa que recebi a notícia (ou vá, a confirmação - link) do novo disco “Council Skies", a ser lançado em Junho. Noel tem também música nova, “Easy Now”, single de avanço do álbum que é, não vou esconder, uma valente desilusão. Noel apela ao denominador mais comum da sua fanbase e deixa para trás as experimentações electrónicas dos últimos anos. É pena. Dispenso este regresso às origens. Que é como quem diz, já encomendei o álbum nos formatos de triplo vinil, duplo CD e cassete. Enfim, sou fã doente, e com esta idade, temo que esta doença já seja incurável. Mas atenção, em minha defesa isto é música nova, não é uma reedição de material reciclado a preços obscenos... Bem, pelo menos não é reciclado.

Noel também esteve em destaque nos tablóides do UK nas últimas semanas, devido ao seu divórcio com Sara McDonald. O que é que isto tem a ver com música? Pode ter muito. É que Sara foi quem, alegadamente, convenceu Noel a deixar os Oasis há 15 anos, e desde então que está para o mano Liam como o diabo para a cruz. Com o regresso de Noel a Londres, literalmente a solo, a aproximação com o mano mais novo parece inevitável. Será que vamos ter os Oasis de volta em 2024? Graham Coxon, guitarrista dos Blur, já incentivou Liam no Twitter a ligar ao Noel. E assim fecha-se o ciclo da guerra da Britpop, com os Blur a servirem o cachimbo da paz aos Oasis. Quem diria?


U2 têm disco "novo". As canções é que são velhas

Os U2 anunciaram um novo disco, mas em vez de música nova, o álbum será composto por regravações acústicas de temas antigos. Tem sido penosa, esta última década dos U2. Nada grita mais alto "banda em declínio" que um álbum acústico. Regravar ou, como sugerem os U2, "re-imaginar" êxitos antigos só nos prova que o depósito dos U2 está vazio. Isto se ainda houvesse dúvidas depois do sofrível "Songs Of Experience". Fui ver o espectáculo do Bono a solo e adorei as interpretações intimistas e minimalistas naquele contexto. Um filme e álbum ao vivo deste show podem resultar como projecto a solo, mas uma recauchutagem de 40 temas com o selo dos U2? Quem é que vai ouvir isto, em detrimento dos originais? Os U2 precisam urgentemente de afinar o azimute e voltar a ser aquela banda que pensa fora da caixa e nos trouxe "Achtung Baby", "Zooropa", e "Pop". Neste momento mais parecem ligados à máquina e em risco de tornarem num pastiche de si mesmos, qual Elvis na sua fase balofa.


"The Last Of Us" a ser o "Stranger Things" dos Depeche Mode

O primeiro episódio da série "The Last Of Us", que adapta o popular videojogo ao pequeno ecrã, termina com o bombástico "Never Let Me Down", dos Depeche Mode. Consta que, devido ao sucesso da série, esta aparição já está a fazer pelos Depeche Mode o que "Stranger Things" fez pela Kate Bush, quando usou "Running Up That Hill (A Deal With God)". Ainda bem. "Never Let Me Down" é uma malha catedrática e os Depeche Mode já estão a ficar demasiado obscuros para as gerações mais novas, que assim podem ficar a conhecer a banda, principalmente naquela fase imperial entre 1987 e 1990.


Adeus a Jeff Beck e David Crosby

O ano começou mal para os velhotes da música e ainda vamos em Janeiro. Primeiro foi Jeff Beck, que partiu no dia 10, e depois foi a voz divina de David Crosby, que nos deixou dia 18. Sobre Jeff Beck, já falei no podcast do London Calling na NiTfm — era "o guitarrista dos guitarristas" e só não obteve o reconhecimento que merecia por entre o grande público, uma vez que não era tão dotado como compositor de canções, como era com as cordas da guitarra. Por outro lado, também não teve a sorte de integrar uma banda que tivesse um compositor de excelência, com quem ele pudesse colaborar a tempo inteiro, qual Slash para um Axl,  ou qual Gilmour para um Waters.

Por falar em compositores de excelência, David Crosby foi um cantor, escritor e ativista, cuja influência não é suficientemente reconhecida. Vou falar sobre ele no London Calling desta semana; até lá fiquem com uma playlist que reúne alguns dos pontos altos da sua carreira, desde os Byrds, passando pelas várias iterações dos CSNY, com, e sem, S e Y, e desaguando na sua intermitente carreira a solo, que foi sempre mais brilhante, quando acompanhada. É o caso das colaborações com alguns dos meus artistas favoritos, Phil Collins e David Gilmour, ou todas as vezes que se reunia com o seu amigo (e às vezes arqui-inimigo) de sempre, Graham Nash. A ouvir aqui.

terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Pedro Abrunhosa embaixador do Cante Alentejano? Onde é que isto já se viu?

Uma reflexão sobre a polémica que tem gerado acesas discussões nas redes sociais.

A bomba estourou nas redes sociais: Pedro Abrunhosa, conhecido portuense de gema, é agora o embaixador internacional do Cante Alentejano. Onde é que isto já se viu? Bem, viu-se em Londres, por exemplo. E eu estive lá.

Concedo que era, à partida, uma proposta inusitada — um concerto de Pedro Abrunhosa, autor de música urbana e nocturna, acompanhado por um Coro de Cante Alentejano, mais associado a paisagens soalheiras e bucólicas. Era uma combinação, no mínimo, curiosa; mas não é dessas misturas inesperadas que nasce a arte transgressiva? Pois bem, o concerto ia acontecer tão perto de mim, em Londres, na icónica Union Chapel, que nem pestanejei.

A minha história com a música de Pedro Abrunhosa é antiga, quase tanto como eu. Sou fã dele desde o “Viagens”, de 1994, álbum em fui viciado entre os oito e os nove anos de idade. A digressão de promoção ao disco parou em Castelo Branco, num espetáculo que incendiou a cidade (naquela altura não acontecia muita coisa por lá) e despertou o meu fascínio pela música tocada ao vivo. Vi o concerto todo em cima de um barril de cerveja ao fundo da sala e foi apenas o primeiro de centenas de concertos que já vi entretanto. Rever Abrunhosa em Londres era, pois, uma inevitabilidade.

O concerto na Union Chapel foi fenomenal — nada mais, nada menos. Num alinhamento que condensou a riquíssima discografia do Pedro Abrunhosa (podem ouvir o podcast), a música já falaria por si mesma, mas o acompanhamento do Cante Alentejano tornou a noite numa experiência visceral, quase religiosa (ou não fosse numa capela), que me voltou a ancorar emocionalmente nas minhas raízes e me puxou as lágrimas por diversas ocasiões. Destaco um solista mais novo, com os mesmos oito ou nove anos que eu tinha naquele concerto em Castelo Branco, e que subiu ao púlpito da capela para cantar "Para Os Braços Da Minha Mãe". Foi arrepiante. Para um português que vive no estrangeiro, ver aquela forma de cantar tão inexoravelmente portuguesa, ainda mais aliada às canções infalíveis do Pedro, é demais para o que a compostura londrina pode aguentar. As saudades de casa bateram à porta e as lágrimas saíram à rua.

Imagino que depois do sucesso retumbante desta mini digressão internacional, e particularmente deste concerto, o Pedro Abrunhosa tenha sentido a vontade de alargar o espectáculo a Portugal (há datas marcadas nos Coliseus de Lisboa e Porto) e para o resto do mundo. Normal. Isto faz dele um embaixador do Cante Alentejano? Talvez, mas somente de forma incidental, da mesma maneira que podemos dizer que Marisa é embaixadora do fado, Ronaldo é embaixador do futebol português, ou a cortiça é embaixadora da indústria nacional. Ninguém nomeou oficialmente nenhum dos anteriores, mas todos se destacaram nos respetivos campos e, como tal, se tornaram figuras de proa. Será esse o problema?

Expliquem-me, os críticos, qual é o problema em ver Pedro Abrunhosa levar um grupo de Cante Alentejano para atuar numa sala cheia em Tóquio, por exemplo? Qual é o medo? Que os japoneses não vejam um gajo de boina e bigode e como tal, fiquem com "a ideia errada" do que é um alentejano? Num país tão pequeno como o nosso, este tipo de clivagem Norte/Sul não faz sentido. Quem vive fora de Portugal rapidamente se apercebe do ridículo que é dividir um país com 10 milhões de habitantes, aproximadamente a população de uma cidade como Londres.

Os factos são estes. Pedro Abrunhosa é um músico, que tem um espetáculo onde projeta, e bem, o Cante Alentejano. Muito mais do que promover o Alentejo, o Pedro está a promover Portugal. O cantor não foi nomeado oficialmente como embaixador de coisa nenhuma, mas um misto de preguiça para pesquisar sobre o assunto e da habitual fome de sangue das hienas das redes sociais, levou a que os ataques a Abrunhosa se multiplicassem em poucas horas. Amo o nosso País, mas a clássica inveja tuga é aquilo de que sinto menos saudades. Hoje ataca Pedro Abrunhosa, amanhã será outro qualquer. É assim, e já o aceitamos como algo normal, parte da nossa cultura. A ideia hoje foi do Pedro, mas tenho a certeza que se amanhã o Janita Salomé quiser fazer algo parecido, e reunir as mesmas condições, não lhe vão dizer que não. Até lá, tentem refrear o ódio sobre quem tenta fazer alguma coisa pela parte virtuosa da nossa cultura.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Os discos mais esperados de 2023

Agora que fechámos o livro de 2022, é tempo de olharmos para o futuro. 2023 vai trazer-nos uma miríade de discos novos e há muito por que esperar este ano, começando já no dia de hoje que conta com um regresso chave (já lá vamos).

Como é óbvio, o lote dos discos mais esperados de 2023 está mais pesado no início do que no fim. Já temos uma ideia do que esperar para Janeiro e Fevereiro, mas a partir de Março e adiante, as coisas começam a ficar mais complicadas. Temos alguns rumores, indicações, e datas ao vivo que nos podem servir de guia. Vamos a isto, começando pelo início e seguindo em ordem cronológica.


Iggy Pop — "Every Loser" (6 de Janeiro)

O ano começa com o muito esperado regresso do padrinho do Punk. Iggy Pop, que aos 75 anos continua a sofrer daquela condição médica de ter que estar sempre em tronco nu, vai lançar o seu décimo nono álbum a solo, "Every Loser", hoje, 6 de Janeiro. É o primeiro disco desde o apagado "Free", de 2019, e as faixas de avanço "Frenzy" e "Strung Out Johnny" prometem um salto qualitativo significativo. Iggy conta com participações especiais de peso, como Duff McKagan, baixista dos Guns N' Roses, ou Chad Smith, baterista dos Red Hot Chili Peppers. A ideia há 10 anos era fazer do (brilhante) "Post Pop Depression" o seu último álbum, mas ainda bem que Iggy continua o mesmo não conformado em tronco nu de sempre.


Gaz Coombes — "Turn The Car" (13 Janeiro)

Gaz Coombes é o vocalista dos Supergrass e tão underrated como a banda que lidera. Gaz regressa já para a semana, 13 de Janeiro, com "Turn The Car", o sucessor de "World's Strongest Man", de 2018. Os singles de avanço "Don't Say It's Over" e "Long Live The Strange" são absolutamente brilhantes, por isso as apostas estão altíssimas para este disco. Estejam atentos aos novos lançamentos no Spotify.


Circa Waves — "Never Going Under" (13 Janeiro)

s Circa Waves regressam também dia 13 de Janeiro, com o seu quinto álbum, "Never Going Under", que sucede ao duplo "Sad Happy" de 2020. Os tempos de ouvir um álbum inteiro no dia de lançamento já lá vão e como tal, já ouvimos 4 faixas de avanço do novo disco: "Living In The Grey", "Carry You Home", "Do You Wanna Talk" e "Hell On Earth".  Espero que o novo disco da banda de Liverpool seja mais como o sombrio "Living In The Grey", e menos como o tonto "Do You Wanna Talk".


We Are Scientists — "Lobes" (20 Janeiro)

Odiados pela crítica americana, mas com uma fanbase significativa no Reino Unido, os We Are Scientists são praticamente desconhecidos em Portugal, apesar de já andarem nisto há mais de 20 anos. O trio californiano volta a 20 de Janeiro para o seu oitavo (!) álbum "Lobes" e, se ouvirem o contagiante single de avanço "Less From You", perceberão que o disco pode trazer mais que uns meros LCD Soundsystem de marca branca. Ou não.


The Smashing Pumpkins — "Atum: Act Two" (27 Janeiro)

Billy Corgan, o que dizer? Sempre um pastiche de si próprio, Billy decidiu agora fazer uma trilogia de álbuns que perfazem uma Ópera Rock, a que chamou "Atum" (leia-se "Autumn", mas em português tem mais piada). Estas coisas não se inventam. O primeiro acto desta Ópera Rock foi desvendado a 14 de Novembro do ano passado, a 27 de Janeiro chega o segundo, e o terceiro chega em Abril. Dito isto, o single de avanço "Beguiled" é das melhores faixas dos Smashing Pumpkins que eu ouvi nos últimos 20 anos, desde "Machina II". Por outro lado, sinto que já disse isto sobre outros temas da banda americana neste período. Pelo menos estão a melhorar.


Ryan Adams – "(What's The Story) Morning Glory?" (Janeiro?)

Ryan Adams tem vindo, quase diariamente, a revelar faixa a faixa as suas versões do icónico disco dos Oasis "(What's The Story) Morning Glory?" — um dos álbuns mais vendidos de sempre no Reino Unido e um marco indelével na cultura popular britânica nos anos 90. Não há data de lançamento para este projecto, mas tendo em conta que Ryan tem lançado uma média de quase um disco por mês no seu site, em ligação directa com os seus fãs, eu aposto que vamos ouvir notícias nas próximas semanas.


Yo La Tengo — "This Stupid World" (10 de Fevereiro)

Formados em 1984, os Yo La Tengo já levam muitos anos e muitos álbuns no seu currículo. "This Stupid World" é o décimo sétimo da banda de New Jersey e foi totalmente produzido pela própria banda. O disco sai a 10 de Feveveiro, sucedendo ao experimentalista "We Have Amnesia Sometimes", de 2020. O single de avanço, "Fallout", dá excelentes indicações para o que pode trazer este álbum.


Orbital — "Optical Delusion" (17 Fevereiro)

Os Orbital são uma relíquia dos anos 90 e, como a maioria delas, separaram-se algures nos anos 00 e regressaram uns anos mais tarde para a vaga revivalista (que agora já está a chegar aos próprios 00). Dito isto, "Optical Delusion" promete ser muito mais que um mero exercício de revivalismo. O primeiro single "Dirty Rat", em colaboração com os Sleaford Mods, é das faixas mais entusiasmantes que ouvi nos últimos meses, por isso atentem no regresso dos Orbital, que podem voltar a invadir as pistas de dança em 2023.


Shame — "Food For Worms" (24 de Fevereiro)

Acompanho os Shame desde o início e posso dizer que fui um dos primeiros a comprar o seu disco de estreia "Songs Of Praise", na bancada de merchandising de um concerto muito transpirado no Electric Ballroom em Camden, estávamos em 2018. O tempo passa a correr e aqui estamos já para o terceiro álbum "Food For Worms", a chegar dia 24 de Fevereiro. O single de avanço "Fingers Of Steel" revela que os rapazes de Brixton mantêm a mesma fúria, mas o som desta feita vem mais polido.


Gorillaz — "Cracker Island" (24 Fevereiro)

Estes dispensam apresentação. Depois de um concerto no Porto em 2022 que converteu muitos cépticos à banda de desenhos animados de Damon Albarn e Jamie Hewlett, os Gorillaz regressam aos discos dia 24 de Fevereiro para o seu oitavo álbum "Cracker Island". Damon é neste momento um dos artistas mais bem conectados da indústria, por isso não é de admirar o desfile de estrelas na folha de créditos do álbum, incluindo os Tame Impala, Bootie Brown e Thundercat. Já pudemos ouvir os singles "Cracker Island", "Baby Queen" e "New Gold", sendo este último, com os Tame Impala, o tema mais forte até ao momento. E não esquecer que ainda teremos o regresso aos palcos dos blur em 2023.


The Lathums — "From Nothing To A Little Bit More" (24 Fevereiro)

O nono álbum dos The Lathums, "From Nothing To A Little Bit More", chega também a 24 de Fevereiro, sucedendo a "How Beautiful Life Can Be", de 2021. O vibrante single de avanço, "Say My Name", faz com o novo disco da banda de Wigan seja uma das minhas apostas para 2023.


Lana Del Rey — "Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd" (10 Março)

A maravilhosa Lana Del Rey regressa a 10 de Março com o seu nono álbum, "Did You Know That There's a Tunnel Under Ocean Blvd", sucessor de "Blue Bannisters" de 2021. O excelente tema-título saiu em Setembro passado e só nos dá indicações positivas para o que eu espero que seja um dos álbuns do ano.


A Certain Ratio — "1982" (31 Março)

Os veteranos de Manchester já andam nisto desde 1977, e apesar de manterem sempre uma base de seguidores sólida, parece que andam sempre escondidos das luzes, sempre nos bastidores da indústria. E nisto têm um novo álbum, "1982", que será com certeza um dos mistérios do ano.


Metallica — "72 Seasons" (14 Abril

Não há banda que trate melhor os seus fãs, que os Metallica. Anunciado em Novembro passado, com data para 14 de Abril, o décimo primeiro álbum da banda de São Francisco, "72 Seasons", vai chegar com uma mega digressão já projectada para 2024. Os velhotes não enganam, vão ser os novos Rolling Stones.


Noel Gallagher's High Flying Birds — "Council Skies" (Maio)

Ainda sem anúncio oficial, o novo disco de Noel Gallagher já aparece na Amazon com data marcada para Maio, mês do 55º aniversário do Chefe. Noel já anunciou que o álbum vai ser uma "homenagem a Manchester", o que pode significar muita coisa. O single de avanço, "Pretty Boy", com guitarras de Johnny Marr (Manchester!) indica que Noel mantém-se no seu território familiar nos últimos anos, mais virado para o beat do que para o refrão orelhudo. Ainda bem. Ia detestar ver o Noel tornar-se num pastiche de si mesmo.


Depeche Mode — "Memento Mori" (Maio?)

Depois da morte do membro fundador, Andy Fletcher, em Maio passado, os membros sobreviventes dos Depeche Mode, Dave Gahan e Martin Gore, anunciaram ao mundo a vontade de continuar e um regresso ao estúdio para trabalhar em material original. Ainda não há música nova, mas já está uma digressão marcada, com o nome de Memento Mori, a revelar o nome do novo álbum. A digressão começa em Maio, por isso devemos ouvir mais detalhes do novo disco até lá.


Peter Gabriel — "i/o" (Maio?)

Peter Gabriel chocou os seus (já descrentes) fãs quando anunciou o regresso aos palco no fim do ano passado, numa digressão para promover um novo disco, intitulado de "i/o". O último álbum do ex vocalista dos Genesis, "Up", já data de 2002, há 20 anos portanto. Os bilhetes começaram a ser vendidos (eu já tenho o meu), mas notícias do álbum é que nada. Tendo em conta que a tour começa em Maio, presumo que, até lá, vamos ter o álbum nas mãos. Desde a meia noite de hoje, que já podem ouvir o  primeiro single no Spotify, "Panopticom", e não desaponta.


Morrissey — "Bonfire Of Teenagers" (?)

Originalmente alinhado para lançamento em Fevereiro deste ano, o décimo quarto álbum a solo de Morrissey, "Bonfire Of Teenagers", pode nunca ver a luz do dia. O disco foi descrito pelo vocalista dos The Smiths como o melhor da sua carreira e se é difícil fazer fé no que sai da boca do mancuniano nestes últimos anos, o maravilhoso primeiro single "Rebels Without Applause" (com um riff a fazer lembrar "This Charming Man") indica que é possível que ele não esteja assim tão longe da verdade. Se nos faz lembrar The Smiths, só pode ser bom. A verdadeira constelação de participações neste disco (Chad Smith, Flea, Josh Klinghoffer, Iggy Pop, Miley Cyrus) também adivinha que podemos estar na presença de algo especial. O problema é que (e com o Stephen parece haver sempre um problema) a Capitol Records deixou Morrissey e por isso o álbum não tem uma editora para o seu lançamento. Teremos então que esperar que Morrissey resolva este imbróglio para finalmente poder ouvir "Bonfire Of Teenagers", o autoproclamado melhor álbum de sempre de Morrissey.


The Cure — "Songs Of A Lost World" (?)

Sem data de lançamento, o décimo quarto álbum dos The Cure já tem nome, "Songs Of A Lost World", e está previsto para este ano. É o primeiro disco da banda de Robert Smith desde "4:13 Dream", de 2008.

Podem ouvir tudo o que está em cima e mais ainda na playlist em baixo, numa lista mais exaustiva dos lançamentos deste ano, também ordenada cronologicamente.