quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Top 10: Dez momentos em que Freddie Mercury foi o Rei

O maior dos Maiores, o rei dos Reis (e acho que já esgotei as hipérboles e os superlativos) fez anos


O dia em que o Rei faz anos. Foi ontem. Como todos os dias são bons para festejar o aniversário do Rei, eis uma pequena lista com as suas 10 melhores performances ao vivo. E um pouco de História também. Parabéns, amigo Farrokh.


10. "It's In Everyone Of Us" – Dominion Theatre, London (1988/04/14)



Quando se pensa na última actuação ao vivo de Freddie Mercury, quase sempre se fala no concerto de Knebworth Park em 1986. Mal. Knebworth foi de facto o último concerto de Freddie com os Queen, mas a sua última actuação ao vivo seria em 1988 no Dominion Theatre, por honras do musical "Time", para o qual Freddie contribuiu com dois temas: "Time" e "In My Defence". Ambos maravilhosos, diga-se (se não ouviram ainda, é carregar nos links).

Freddie fez uma aparição especial no Dominion para a caridade e teve um dueto inesperado com Cliff Richard no seu tema "It's In Everyone Of Us". A voz de Freddie está impecável (já não andava em tour há quase 2 anos) e a performance é irrepreensível. Ouçam só o entusiasmo na plateia; todos sabiam que estavam a assistir a um momento único, mas ninguém imaginava que seria a última actuação ao vivo do Rei.

Curiosamente, o Dominion Theatre alojaria entre 2002 a 2014 o musical "We Will Rock You" dos Queen e como tal teve durante 12 anos uma mega-estátua de 8 metros de altura (!!!) de Freddie à porta.


9. "Sheer Heart Attack" – Summit, Houston (1977/12/11)



Se quiserem ver o Freddie Mercury 'going nuts' em palco, é pesquisarem qualquer performance de "Sheer Heart Attack". O tema remonta às sessões do álbum de 1973 com o mesmo nome, mas só foi terminado em 1977 para "News Of The World", mesmo a tempo da revolução Punk que pretendia destruir as bandas da realeza do Rock, bandas precisamente como os Queen. Era a anarquia contra a monarquia.

Sempre que os Queen tocavam "Sheer Heart Attack", normalmente no encore, Freddie entrava em modo vendaval e levava tudo à frente — amplificadores, microfones, o Brian May —, injectado a entusiasmo e muita cocaín... Entusiasmo, era isso.

Freddie podia querer levar o ballet às massas, mas não se deixem enganar pelas poses — Freddie era um bad boy. Se têm dúvidas, aproveito para recordar o episódio em que Sid Vicious dos Sex Pistols tentou intimidar Freddie nos Wessex Studios em Londres e saiu de lá com o rabinho entre as pernas. Freddie não estava para aturar as merdas de Sid e depois de gozar com ele (chamando-o de Simon Ferocious), pegou-lhe nos colarinhos e empurrou-o para fora do estúdio. Freddie era ballet, punk, ópera, rock, o que quer que ele quisesse ser, a qualquer momento. Bom em tudo. Como se comprova pelo vídeo em cima no lendário concerto em Houston (vejam aqui outro ponto alto do concerto – "My Melancholy Blues"), na légua americana da News Of The World Tour em 1977. Punk de lantejoulas? Siga.

P.S.: Na verdade o vídeo em cima é uma compilação de várias performances de "Sheer Heart Attack" (em Houston, o tema corta para "Jailhouse Rock"). Se quiserem ver o Freddie a destruir mais cenas, podem ver as performances completas de Houston em 1977, Hammersmith em 1979, Paris em 1979 e Buenos Aires em 1981.


8. "Another One Bites The Dust" – Estadio Vélez Sarsfield, Buenos Aires (1981/03/01-08)



Na ressaca da conquista dos Estados Unidos com o (algo inesperado) sucesso do álbum "The Game", os Queen quiseram dar novos mundos ao mundo e decidiram ir à conquista de mercados nunca antes navegados. Ao saber que tinham uma grande legião de fãs na América do Sul, os Queen embarcaram rumo ao hemisfério sul, na que terá sido provavelmente a maior aventura da sua história – a South America Bites The Dust Tour.

Entenda-se que o Brasil e a Argentina viviam ditaduras militares, por isso fazer um concerto num destes países era algo impensável para quem queria um controlo rígido de massas. As peripécias foram muitas; começando logo pela recepção na Argentina, onde os Queen foram escoltados pelo exército que os conduziu em contramão na autoestrada, enquanto militares disparavam as metralhadoras para o ar para desviar o trânsito. Assustador? O Freddie tinha um guarda-costas cujo cartão de visita era ter assassinado 212 pessoas. Os fãs perseguiam os Queen para todo o lado, a loucura era total. Na terceira e última data em Buenos Aires (1981/03/08), Freddie apareceu em palco para "Another One Bites The Dust" com a camisola da selecção da Argentina, na companhia de um tal de Maradona. Esse mesmo. Dois deuses no mesmo palco, ao mesmo tempo. Loucura a dobrar.

O vídeo em cima é de "Another One Bites The Dust" na segunda data de Buenos Aires (não há vídeo da terceira noite), com Brian May a usar uma cartola irresistível, que se tornaria a imagem de marca de um outro guitarrista que apareceu uns anos mais tarde. Mas o ponto alto desta noite veio antes, na indizível comunhão de Freddie com a audiência argentina. Quem me dera estar ali no meio:




7. "Staying Power" – Milton Keynes Bowl (1982/06/05)



Volvido apenas um ano da loucura da América do Sul e em 1982, os Queen já eram alvo de fuzilamento em praça pública. A banda constou o interesse gerado por temas dançáveis como "Another One Bites The Dust" (principalmente nos Estados Unidos) e resolveu entrar em modo full (gay) disco no Lado A do controverso "Hot Space" (álbum que alegadamente terá influenciado Michael Jackson para o seu "Thriller"). Inovação e reinvenção, dizem uns; sell-outs, acusam outros.

Dentro da banda, nem todos concordaram com esta nova direcção: Freddie Mercury (e o seu tão odiado assistente Paul Prenter, que não gostava de guitarras) foram os maiores impulsionadores da nova sonoridade; John Deacon sempre foi fã dos Chic e adepto do funk, por isso também estava em casa; no pólo oposto, Roger Taylor foi (e ainda é) abertamente contra este álbum; Brian May também não achou grande piada ao conceito (que o afastava da frente da sonoridade dos Queen), mas tentou adaptar-se como pôde à nova direcção musical. E que bem que o fez; principalmente quando a banda levou o álbum à estrada e proporcionou uma das melhores digressões da História dos Queen. Os temas cresceram em palco e ali, os Queen voltaram a ser um grupo coeso, com Brian May de regresso ao centro da paisagem sonora.

O concerto de Milton Keynes Bowl em 1982 (lançado em DVD em 2004) é o melhor exemplo da relação de amor-ódio que tanto os fãs como a banda têm com este período acidentado. De um dos álbuns mais odiados dos Queen saiu uma das melhores digressões, com passagens triunfais por Leeds e Edimburgo e uma saída pela porta grande em Milton Keynes. Sabendo da gravação televisiva do espectáculo, Freddie quis deixar algumas palavras sobre a reacção negativa do público e da crítica ao álbum novo da banda:
"Most of you know that we’ve got some new sounds out in the last week. We’re gonna do a few songs in the funk/black category - whatever you call it. That doesn’t mean we’ve lost our rock’n’roll feel, ok? It's only a bloody record! People get so excited about these things... We just wanna try a few new sounds; this is "Staying Power"."
Sorrio sempre com a ingenuidade do Freddie nestas palavras – "é SÓ um disco dos Queen". Como se isso fosse de somenos. Freddie sentia que tinha algo a provar e arrancou para uma performance olímpica de "Staying Power", uma das canções mais difíceis de cantar ao vivo; ou como Freddie disse em Kassel, semanas antes – "a real bitch to sing". O tema era tão difícil que sempre que Freddie não se sentia na sua melhor forma, os Queen não o tocavam; ainda começou por fazer parte da setlist da The Works Tour em 1984, mas foi completamente abandonado depois da débâcle em Milão e nunca mais apareceu. Em Milton Keynes, Freddie vai a todas.

"Hot Space" gerou tensões tão grandes no seio da banda, que só não separou os Queen em definitivo porque os projectos a solo que lhe seguiram foram unanimemente desastrosos. E rapidamente os Queen se aperceberam que a soma das partes valia muito mais que cada uma das rainhas.


6. "Somebody To Love" – Hammersmith Odeon, London (1979/12/26)



Por falar em "real bitches to sing", esta é a maior bitch de todas. Há vídeos no Youtube só dedicados às falhas ao vivo de Freddie (não foram assim tantas) e a maioria deve-se às notas ingratas de "Somebody To Love". Se Freddie estivesse em noite sim, "Somebody To Love" era invariavelmente o ponto alto do espectáculo; se estava em noite não, a canção podia ser um desastre.

A insana agenda dos Queen durante os anos 70 não ajudou em nada a voz de Freddie. Não havia tempo de descanso no meio do infinito ciclo álbum-tour-álbum e as cordas vocais bem precisavam do repouso. Isso torna ainda mais impressionante quando ouvimos a forma soberba que Freddie apresentou durante a Crazy Tour no fim de 1979. A primeira metade do ano fora passada na estrada, na promoção do álbum "Jazz" e gravação do álbum ao vivo "Live Killers"; mal chegaram do Japão, logo os Queen entraram em estúdio para a primeira fase das sessões do álbum "The Game". "Crazy Little Thing Called Love" foi lançado no Outono e, para promover o single, os Queen fizeram-se à estrada novamente para uma curta digressão. No meio, umas semanas de paragem que fizeram milagres.

Depois das merecidas férias, a Crazy Tour apanhou os Queen em modo caviar, com a banda ultra coesa e Freddie em grande forma vocal, talvez mesmo a melhor de sempre. O segundo concerto de Newcastle, em especial, tem a fama de ser a sua melhor performance ao vivo. Pena não haver gravações de qualidade ao nível da performance. Ouçam aqui "Bohemian Rhapsody" de Newcastle, com Freddie a atingir as todas as notas mais altas que normalmente evita. Impressionante.

O vídeo em cima documenta a performance irrepreensível da maior das bitches – "Somebody To Love" – na última noite da Crazy Tour. O concerto completou uma série de 7 espectáculos em Londres, onde em Dezembro de 1979 os Queen bateram consecutivamente uma série de salas icónicas da cidade: Lyceum Ballroom, Rainbow Theatre, Purley Tiffany's, Tottenham Mayfair, Lewisham Odeon, Alexandra Palace e Hammersmith Odeon. O último fez parte da série Concerts for the People of Kampuchea, que reuniu em Hammersmith bandas como os Wings (Paul McCartney), The Who e os The Clash, para a angariação de fundos para o povo do Cambodja.

O concerto de Hammersmith foi gravado em vídeo e é uma das (muitas) pérolas que o Dr. Brian May continua a fazer refém no seu arquivo, ao invés de a lançar para a ávida comunidade de fãs dos Queen, que desesperam por isto há décadas. É um dos pontos altos da banda, particularmente de Freddie que fez aqui a sua última aparição pública antes de deixar crescer o seu icónico bigode.


5. "White Queen (As It Began)" – Rainbow Theatre, London (1974/11/20)



Os Queen são sobejamente conhecidos pela sua imagem dos anos 80, com Freddie Mercury de bigode. O que nem todos sabem, é que houve um tempo em que os membros da banda usavam maquilhagem, pintavam as unhas e vestiam roupas femininas em palco. Foram os early days dos Queen.

No início de 1974, os Queen eram uma banda em ascensão, esfomeada pelo sucesso, com tudo para provar ao público. Ainda a banda andava na estrada com o seu primeiro álbum (lançado em Julho de 1973) e já planeava a estratégia para a promoção do segundo álbum, que fora gravado em Agosto. Sem nenhum hit single, a banda lutava para sobreviver. Naquela altura, parecia uma loucura uma banda como esses tais de "Queen" marcarem um concerto para o Rainbow Theatre – uma das salas mais prestigiadas de Londres. Mas Freddie sabia que ia ser uma estrela e só estava à espera de uma oportunidade para brilhar.

A oportunidade surgiu quando a 21 de Fevereiro, David Bowie (que estava a promover "Rebel Rebel") desistiu da sua aparição no Top Of The Pops da BBC e assim abriu uma vaga no programa musical mais visto do Reino Unido. Não foi Bowie, foram os Queen tocar o seu novíssimo single "Seven Seas Of Rhye", lançado daí a dois dias. De repente, tudo mudou.

"Seven Seas Of Rhye" disparou para o nº 10 da tabela de singles, "Queen II" subiu ao nº 5 dos álbuns e quando os Queen apareceram no Rainbow, esgotaram os mais de 3 mil lugares, provando que eram uma banda que vinha para ficar. Os Queen quiseram documentar a ocasião e foram ao Rainbow gravar o seu terceiro álbum ("Queen III – Live At The Rainbow" soa tão bem...), só que o motor da banda estava em alta rotação e obviamente, esse álbum nunca veria a luz do dia (até 2014). Mesmo depois de Brian May ter caído na cama do hospital por exaustão após 6 concertos consecutivos em Nova York e de lhe ser diagnosticada hepatite, os Queen enfiaram-se em estúdio e escreveram novas canções para um novo álbum de originais. Assim nasceu "Sheer Heart Attack".

Os Queen voltariam ao Rainbow em Novembro de 1974 para promover "Sheer Heart Attack" – um álbum menos polido que "Queen II", mas mais pesado e com mais potencial comercial. Na semana do concerto, o single de promoção ao álbum – o double A-Side "Killer Queen" / "Flick Of The Wrist" –chegou ao nº 2 das tabelas, falhando por uma unha negra o posto mais alto (Brian May faria referência a essa frustração durante o concerto). Mal sabia ele que aquilo seria apenas o início de uma longa caminhada real dos Queen.

O concerto de Novembro foi mais uma vez gravado profissionalmente em áudio e em vídeo, mas igualmente posto na gaveta, até à sua inclusão parcial na (extremamente limitada) caixa "Box Of Tricks" em 1992. O concerto veria apenas o seu lançamento completo, em toda a sua glória, na maravilhosa caixa "Live At The Rainbow" em 2014, a qual agrupou também o concerto de Março.

Tanto no concerto de Março como no de Novembro, podemos ouvir os Queen a darem o litro. Nesta altura, Freddie ainda não tinha as manhas que foi apanhando ao longo da carreira – por vezes "protegendo-se" de algumas notas mais ambiciosas – e dava tudo noite após noite. Por isso não é de admirar que possamos ouvir coisas incríveis nas gravações ao vivo dos early days dos Queen. O tema em cima é um dos melhores exemplos disso – o superlativo "White Queen (As It Began)", uma balada do álbum "Queen II" que ao vivo ganha outra dimensão.

Freddie já se mostrava um predestinado a lidar com a plateia, mas ainda não era o showman que conhecemos dos estádios dos anos 80. Em sua defesa, ele não teve nenhum modelo para se basear; foi ele, em grande parte, que inventou o seu próprio conceito. Freddie Mercury inventou-se a si próprio: inventou o seu nome, inventou a sua persona no palco, inventou a banda que os Queen se tornariam.


4. "Love Of My Life" – Rock In Rio, Rio de Janeiro (1985/01/18)



Quando os Queen regressaram ao Brasil em 1985, para a primeira edição do festival Rock In Rio (que hoje é um franchising milionário), Freddie já era um especialista em audiências sul-americanas. Aliás, de todas as bandas estrangeiras que ali actuaram, os Queen eram provavelmente a mais experiente naquele país, uma vez que já tinha actuado em São Paulo em 1981 para uma audiência de 130 mil pessoas, na altura um recorde do mundo para concertos pagos. Os Queen sempre gostaram de recordes – até porque, como dizia Freddie: "the bigger, the better... in everything" – e voltaram a bater o recorde do mundo no Rock In Rio, quando actuaram duas noites para uma audiência de 250 a 350 mil pessoas.

Freddie já sabia que o público brasileiro tinha um fraquinho por "Love Of My Life" (vejam aqui no concerto de São Paulo em 1981), por isso quando chegou a hora de cantar para o audiência do Rio, Freddie... não cantou. Limitou-se a levantar os braços e a conduzir o público como se de uma orquestra se tratasse. 350 mil pessoas na palma da mão do Rei. Arrepiante.


3. "You Take My Breath Away" – Hyde Park, London (1976/09/18)



Estejam a fazer o que estiverem, parem. Parem e ouçam com atenção o Rei ao piano na melhor balada de todos os tempos. Nesta fase avançada de evolução civilizacional, já deveria ser unânime e axiomaticamente aceite que "You Take My Breath Away" é a melhor canção de amor alguma vez escrita. Quem não corrobora desta doutrina, ou nunca ouviu a canção (façam favor), ou anda com o coração parado e ainda não foi avisado.

“You Take My Breath Away” é Freddie Mercury em todo o seu esplendor. Com exceção de um (majestoso) solo de guitarra de Brian May lá para o fim, aqui só há Freddie: ao piano e na voz; aliás, Freddie em todas as vozes: agudos, médios e graves, layers e layers de Freddie, é tudo dele. E há o silêncio, elemento fulcral neste tema. Sozinho, Freddie vê-se obrigado a um dueto com o silêncio, amiúde interrompido pela rede de harmonias que mostram um Freddie perdido, atormentado pelas vozes do seu subconsciente. “You Take My Breath Away” é sombrio; é a declaração de amor mais visceral e incondicional, quase ameaçadora; um amor como uma força bruta que lavra tudo à sua passagem e nem o próprio Freddie consegue deter.

Muito se fala em “Bohemian Rhapsody” como a grande obra-prima de Freddie Mercury e em termos de grandeza, é um ponto de vista difícil de refutar. Mas se olharmos atentamente, qual obra-prima de menor porte mas mais polida e refinada, é “You Take My Breath Away” o momento de maior beleza da carreira de Freddie. E por que não? De toda a História da música Pop.

2. "Crazy Little Thing Called Love" – Wembley Stadium, London (1986/07/12)



Se o Live Aid foi a noite triunfal de Freddie Mercury (já lá vamos), a aparição dos Queen  no Wembley um ano mais tarde, para dois concertos esgotados, foi o seu coroamento. O "Live At Wembley '86" (ou mais tarde "Live At Wembley Stadium" é não só o concerto mais famoso dos Queen, como também uma das gravações ao vivo mais célebres de qualquer banda Rock. Não há ninguém que não identifique de imediato o casaco amarelo ou a icónica pose de Freddie (que anos mais tarde daria um meme para assinalar qualquer triunfo).

Na Magic Tour em 1986 (digressão de promoção ao álbum "A Kind Of Magic"), já todo o concerto dos Queen era milimetricamente pensado. O climax surgia perto do fim, na eufórica sequência "Bohemian Rhapsody" / "Hammer To Fall" / "Crazy Little Thing Called Love", todos com performances estratosféricas na épica noite do segundo concerto de Wembley. O melhor momento da História da Humanidade – há quem diga. Eu, por exemplo.

Era muito novo para me lembrar, mas o meu Pai conta-me que eu "nasci para a música" quando o concerto de Wembley passou na RTP no Verão de 1988, tinha eu dois anos. Durante aquelas duas horas em que olhei hipnotizado para a televisão, fui feliz como nunca e daí para a frente, a minha vida mudou. Se eu sou como sou, se hoje estou aqui a escrever isto, é tudo por causa deste concerto.

P.S.: Ver também a não menos épica performance de "Crazy Little Thing Called Love" na primeira noite de Wembley, que Freddie dedica a todos os "crazy faggots out there".


1. "We Will Rock You" - Live Aid, Wembley Stadium, London (1985/07/13)



A noite de Freddie Mercury. Quando Freddie conduzia a audiência em "We Will Rock You" com um grito de "I like it, sing it again!", milhares de milhões de espectadores em todo o Mundo já moravam na palma da sua mão. O Wembley, esse era seu desde que "Radio Ga Ga" pusera as 74 mil pessoas que enchiam o estádio a bater palmas com a coordenação de um comício nazi. Mas naquela noite, Freddie queria mais que o Wembley; queria o Mundo. E agarrou-o, ao dançar com o cameraman em "Hammer To Fall", como se desse a mão às 1.9 mil milhões de pessoas (um terço da humanidade) que o viam em casa. Arrepiante.

E foi assim que na noite de 13 de Julho de 1985, o planeta acordou para um facto que estivera o tempo todo à sua frente: não havia um showman como Freddie Mercury. Não havia e não voltou a haver alguém com aquela capacidade para captar e entreter a audiência. O Wembley parecia uma pequena chávena para o brilho da estrela que explodia em palco. Assim foi a vida de Freddie Mercury: como uma estrela que brilhou muito, muito rápido, muito intensamente e explodiu, porque o universo não aguentava com tanto brilho. Parabéns, Rei.


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