sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Prego a fundo até ao abismo: Scott Weiland aguenta-se até aos 48 anos

O comboio que seguiu furioso em direcção à ravina.


"Scott Weiland aguenta-se até aos 48 anos". Devia ser assim o título das notícias da morte do vocalista dos Stone Temple Pilots e Velvet Revolver. Ao contrário da maioria das estrelas rock que se sanitizam depois dos 40 anos, normalmente depois de arranjarem mulher, filhos e contas para pagar, Scott nunca abrandou. Foi prego a fundo até ao abismo, como a estrela Rock N' Roll pura e indefectível que foi.

As entrevistas de alarme foram mais que muitas. Recordo-me de uma conversa com o Howard Stern, onde Scott dizia que estava sozinho, mas que não podia abrandar para pagar as pensões milionárias das mulheres e filhos que teve. Dizer que ninguém o ouviu será com certeza um absurdo. Tanto os STP como os VR o tentaram recuperar e até as redes sociais lhe tentaram dar a mão, quando em Abril apareceu um vídeo de Scott numa contenda para vestir um casaco em palco (só conseguiu com a ajuda de um roadie e a cantar "Vasoline" com a morte nos olhos. Na altura escrevi:

"Olhos vazios, zero de emoção, desaparecido de si mesmo, a um sopro de se desmanchar e sem acertar uma nota. Eis Scott Weiland a "cantar" esta semana. Doloroso de ver.
Este é o reverso da medalha da vida do Rock N' Roll. Os Velvet não o querem, os STP expulsaram-no e se continua assim, não tarda estamos a ler mais um obituário. Mas Scott já passou os 27, por isso até já essa piada perdeu. Volta depressa man, the joke is not funny anymore."

Mas Scott não ouviu ninguém e o comboio lá seguiu furioso em direcção à ravina.

Como rocker terminal que sou, sempre gostei dos Stone Temple Pilots, mas como fanático dos Guns N' Roses, vibrei ainda mais com os Velvet Revolver. Os Velvet ressuscitaram os Guns com a voz de Scott Weiland e fizeram (sem favor nenhum) um dos melhores álbuns dos anos 00 – "Contraband" – que em plena era de cinismo musical nos trouxe canções coléricas com cheiro a whisky, fumo e sexo. Uma maravilha. "Get away from the drugs you're taking", dizia Scott em "Dirty Little Thing". Hoje vou ouvir "Slither", "Set Me Free", "Plush" e "Vasoline", sem drogas, mas acompanhado com um copo de whisky. À tua, Scott. See you in hell.

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