O mundo adora a Taylor Swift, mas não precisa do Swifties.Gosto da Taylor Swift. Não só pela evidência de que ela é, digamos, extremamente boa; mas porque para além disso, é também capaz de compor música Pop açucarada que cai extremamente bem no goto. Não tenho medo das palavras: "Shake It Off" é a melhor canção Pop desde os anos 90. A afirmação é discutível, admito, mas não andará longe da percepção global sobre um tema que materializa tudo aquilo que uma canção Pop deve ser. Mais: o álbum "1989" é um baú de pérolas Pop — embora nem sempre com arranjos de bom gosto, mas suponho que esse seja o preço a pagar pelo largo espectro de público que pretendia atingir — que a reinterpretação de Ryan Adams expôs a tão belo nu.
Mas a relevância de Taylor Swift não esbarra na música. Taylor é uma trendsetter. Normalmente quando a menina fala, o mundo escuta. Passando ao lado da polémica mal amanhada (e aparentemente forjada) com Kanye, onde ninguém ficou bem na fotografia, Taylor já mostrou várias vezes ser dona de uma personalidade forte, sem medo de arriscar, seguir sozinha e fazer frente aos dogmas da indústria musical. Ainda que nem sempre da melhor maneira. Caso em questão: a interminável batalha com o Spotify, que esta semana conheceu novos desenvolvimentos segundo o TMZ (se não conhecem, pensem num Correio da Manhã americano e rico).
Diz o TMZ que Taylor Swift está a planear uma plataforma própria com conteúdos audio exclusivos e non-downloadable (em streaming, portanto) — alegadamente baptizada com o nome de Swifties — para colmatar a sua ausência desde 2014 do nosso tão bem conhecido e amado Spotify (bem amado, menos quando metem anúncios de David Guetta no meio de um álbum dos Joy Division; os patifes sabem mesmo como convencer um gajo a assinar o Premium — pela tortura).
Taylor Swift tem a sua quota de razão nesta batalha. O Spotify é hoje uma ferramenta tão generalizada como o Facebook (quase, vá) e tem que rever a forma como valoriza o seu produto (o Lossless nunca mais vem?) e como compensa os artistas que lhes disponibilizam o seu catálogo — que é como quem diz, o seu trabalho — de mão beijada. Se bandas como os The Beatles (ou a própria Taylor Swift) podem alavancar o acordo que quiserem, já as bandas em ascensão são obrigadas a aceitar as migalhas que lhes atiram para os pés, cada vez mais fracos incentivos ao sonho do Rock N' Roll.
Taylor Swift tem o dom de saber o que o público quer ouvir e mais importante que isso, o que o mundo quer dela. Por isso se mantém naquela fina linha entre a menina inocente e vulnerável que pinta nas suas músicas e a mulher firme e sabida que faz frente aos gigantes. Mas aqui não está a ver a pintura toda. O mundo não precisa do Swifties, nem de outra estratégia isolacionista que possa inventar a seguir. Taylor é a última rainha de uma linhagem que vem de Britney Spears e Madonna e deve preservar esse estatuto com aquilo que realmente interessa ao mundo: música e vídeos com pouca roupa.
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