segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Cinza às cinzas - Adeus, David Bowie

Para ti, David.



Vou tentar ser breve. Quem me conhece (ou tenha falado mais de uma hora comigo) sabe da importância que David Bowie tem para mim. Num momento como este, tenho ao mesmo tempo tudo e nada para escrever. Como diluir em dois parágrafos a magnitude de uma obra que definiu directamente a minha vida? Eu abro as portas do meu quotidiano à música e deixo que ela me influencie em tudo o que faço, mas poucos, ou nenhum, artista teve tanta influência em mim, na minha personalidade, como David Bowie.

Há exactamente cinco anos, obcecado com o seu álbum "Low" e com a ideia de me reinventar (quem nunca?), convenci-me que a única forma de revolucionar a minha vida seria seguir os passos de Bowie: desmanchar tudo, ir para Berlim e começar de novo. Inscrevi-me nas aulas de alemão, fui para Berlim sozinho duas semanas e estive a um pequeno passo e um ralhete da minha mãe de me mudar em definitivo. É este o tipo de importância que a sua obra tem na minha vida.

Nas próximas horas vamos ler milhares de tributos de gente a quem o David Bowie afectou das mais pequenas formas e assim perceber um pouco da sua importância. Vamos ouvir chamarem-no de "grande artista", "inovador", "pioneiro", "rei", "gigante", "herói" e todos os superlativos fáceis de quem fala sobre quem já cá não está. Para mim, David Bowie foi simplesmente um messias. Um messias que mudou, guiou e definiu a minha vida. Para mim, hoje é um dia devastador, um dia que só pode ser enfrentado com a celebração da vida e obra de um dos maiores artistas da História documentada da Humanidade. Até na morte, David deixa a sua marca de artista: álbum, vídeo, aniversário e morte. A morte é o último acto, é parte do espectáculo. Ouçamos, pois, David Bowie.

Permitam-me terminar com uma mensagem ao próprio.

Obrigado por tudo, David. Sem ti, eu não seria o mesmo e de certeza mais pobre. Deixo-te uma promessa: enquanto eu viver, tu viverás também. À mesa, entre garfadas, ou em sofás, entre copos de Jameson, vou contar histórias sobre ti aos meus amigos, filhos, netos e a quem mais vier; vou levar-te comigo para todo o lado e para sempre lembrar o mundo do teu legado. No que de mim depender, serás eterno.

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