terça-feira, 21 de julho de 2015

Carta aberta à Música no Coração

Como cronista musical da NiT, e autor do artigo de opinião que causou "grande mal estar" na Música no Coração, informo o seguinte.
Caros senhores da Música no Coração,

Como cronista musical da NiT, e autor do artigo de opinião que, aparentemente, causou "grande mal estar" na vossa agência, que por isso me barrou a entrada, bem como à restante equipa da NiT, no Super Bock Super Rock, impedindo-nos de fazer a cobertura do festival adequadamente, venho informar que... não guardo rancores.

A verdade é que ninguém gosta de levar um ban. Nem nos tempos do mIRC se gostava. E por isso mesmo eu vos escrevo esta missiva; para vos contar que esse ban foi apenas e só um equívoco. Mas um equívoco uncool e muito, muito pouco Super Rock.
Mesmo sem a acreditação, mesmo de muletas, eu fui na mesma ao festival, como podem comprovar pelas minhas crónicas do primeiro e segundo dias (no terceiro cedi às dores no pé). Se lerem as minhas crónicas, verão que vos elogiei e vos critiquei, directa e descomplexadamente, como sempre fiz e sempre farei.

Fui ao SBSR porque eu estou nisto pela música. Não gosto de politiquices, sou independente e não preciso de favores de ninguém. Quando quero ir a um concerto, vou. Se é música e eu gosto, vou. Ponto final. Entre os gastos com a minha coleção de discos, os bilhetes para concertos e as viagens é fácil perceber que não estou na música para ganhar dinheiro. Mas ganho tudo o que a música me dá e isso chega-me para continuar a palmilhar terreno. Fui ao SBSR porque o cartaz era excelente, o melhor de 2015 no que toca ao palco principal. Noel Gallagher, Sting, Blur (concerto do ano), é um cartaz imbatível. Por isso fui na mesma, sem rancores.

O problema aqui foram, aparentemente, as minhas palavras sobre o Sudoeste, numa crónica onde me limitei a escrever o que os festivaleiros comentam há vários anos e que, talvez por isso, teve 45 mil visualizações só neste mês. Meus senhores, eu estou nisto para separar o trigo do joio, por isso é que me chamam de crítico (nome que eu detesto). De outra forma, seria apenas um cocksucker. E eu sei que disse que amo o Damon Albarn, mas calma.

Estou aqui também para vos avisar da ratoeira da swaguização onde estão a cair, como o cartaz do Sudoeste, ou a aberração da zona VIP no SBSR. Que era aquilo? Deixar o Noel actuar para uma plateia com uma clareira enorme lá à frente, porque as Kakás e as Tetés estavam a jantar, ou a escolher a marca de gin? Não percebem como isto é errado? Isto é o tipo de coisa que atrai a "Caras" e os bandwagoners, mas afasta os festivaleiros e os amantes da música. Se matam a pureza do conceito, quando a moda passar e os bandwagoners abandonarem os festivais, quem é que fica para vos segurar a mão?

Estou aqui e estou do vosso lado, porque eu sei que vocês também gostam de música. Sei que têm uma história, que perderam dinheiro quando cá trouxeram o Bowie em 1996, que quiseram levar o Rock para a praia (no Meco) e que isso foi uma grande ideia que quase resultou (os acessos e o pó que nunca mais acabava estragaram tudo), que tiveram uma contribuição fundamental nos festivais em Portugal. E por isso estou aqui para vos ajudar a não destruir o bebé que ajudaram a criar.

Como disse, não guardo rancores. Ainda vamos todos beber umas jolas juntos e rir-nos à brava deste equívoco e claro, do cartaz do Sudoeste.



Artigo publicado originalmente neste link,
na revista online New In Town (NiT), 
Terça-Feira, 21 de Julho de 2015

Sem comentários:

Enviar um comentário