domingo, 2 de setembro de 2018

O que mais falta acontecer aos U2?

Os U2 precisam de repensar a banda. E o tempo é agora.


É difícil não sentir pena do que está a acontecer aos U2. Os últimos anos têm sido um pesadelo para a banda irlandesa, que parece ter entrado numa espiral derrotista de onde não consegue sair.

Já devem ter visto as notícias — Bono perdeu a voz ontem à noite em Berlim, naquele que foi apenas o segundo (!) concerto da digressão europeia. Se os U2 estivessem na fase final de uma longa digressão, até se podia compreender. Mas o Bono acabou de regressar das suas férias no Mónaco (onde esteve com o Noel Gallagher), por isso deveria ter a voz em boas condições. Não se entende. Tudo de mau parece acontecer aos irlandeses.

https://www.youtube.com/watch?v=A6rTFFbN7E8

É doloroso ver o Bono a sofrer ao longo da canção, a cantar como quem carrega uma cruz na sua via sacra. Para dizer a verdade, olhando para o vídeo, ninguém parece estar muito contente. O que se passa com os U2? Desde aquele infame episódio do lançamento de "Songs Of Innocence" que a banda parece andar deprimida e esquizofrénica, entre o medo de cair na irrelevância e o medo de perder os seus fãs mais conservadores, ainda ancorados à sonoridade de “The Electric Co.”.

O último álbum sofre gravemente com esta esquizofrenia. É uma lástima que não é carne, nem é peixe. Não é aquele throwback definitivo aos early days como foi "All That You Can't Leave Behind" e também não é aquele corte com o passado como foram"Achtung Baby", (o injustiçado) "Pop" e o mais recente (e também injustiçado) "No Line On The Horizon". Em vez disso, tenta agradar à franja mais nova com uma sonoridade beige que se confunde com o que passa na rádio generalista (e que não tem nada a ver com os U2), mas sem nunca sair muito da zona de conforto. A única coisa boa de "Songs Of Experience" foi fazer-me chegar à conclusão que o "Songs of Innocence" não tinha sido assim tão mau. O pior álbum da história dos U2. Está na hora de mudar esta onda. E o tempo é agora.

Já se passaram quase 10 anos de "No Line On The Horizon". É tempo de os U2 voltarem a esticar os limites da sua sonoridade, mas com algo verdadeiramente anguloso e perigoso. Algo que respeite a tradição inconformada dos U2. Está na hora de os U2 voltarem a ser felizes. Ou isso, ou de arrumarem definitivamente as botas. Esta depressão de piloto automático é que já chega. Já nem sequer tem piada bater nos U2.

Sem comentários:

Enviar um comentário